sábado, setembro 30, 2006

Há um segredo

Há um segredo que envolve o teu olhar
Que me embala
Me encanta
Me devolve a mim
Infinita ternura
Tão liberta e segura
Eterna maresia
Que nos adormece por fim...

* * *

segunda-feira, setembro 18, 2006

Sonho de Uma Noite de Inverno



Trazias contigo o céu azul, carregando o brilho do sol em teus braços
O teu sorriso adocicado tinha o sabor quente das manhãs de Primavera
E no peito levavas a esperança nascida de um céu de mil cores pintado

O que eu sou...
Só eu o sei...
E não sei, não...
Não sei nada, senão o que devia ser não sou...

Atravessavas a tua infância nas pontas dos pés
Deixando a escuridão dar forma aos teus desejos e medos
E largavas no ar os pensamentos para que eles pudessem voar para longe de ti
Respirando o ritmo das oscilações dos corações quebrados

Ateámos fogos onde apenas a chuva reinava
E as estrelas pareciam ter encontrado novas formas de brilhar
Vislumbrámos de ombros colados a terra que ninguém nos prometeu
E os nossos lábios ensaiaram palavras que não conseguimos pronunciar

Naquele momento, o meu mundo parou ao encontrar o teu
Como duas crianças que insistem em viver somente no Presente
Mas deixámos que a memória se apagasse em tépido silêncio
E que as marcas deixadas em nossas almas se fechassem
Ausentes...

Hoje que o teu anjo da guarda morre de cansaço
O brilho das estrelas indica apenas o caminho de casa
Hoje que o pó da loucura do fim da vida já não cobre o teu corpo
Tudo se revela tão simples como a gentil brisa que envolve a madrugada

És a criança perdida em serenidade e as folhas de Outono que dançam às portas da felicidade
O símbolo da união entre duas almas encontradas que, deitadas olham as estrelas de mãos dadas, e a inocência levada por laivos febris de saudade

Não cresças longe demais, pois não quero um dia chamar-te e escutar apenas a longínqua resposta do silêncio...



Para a Tânia
Para que esta amizade cresça eternamente forte e saudável
Ontem, hoje e sempre
E que a guilhotina do tempo não seja nunca capaz de nos separar...
"Obrigado por tudo e desculpa-me por nada..."
*********

sábado, setembro 16, 2006

Not like you do...

Sour Times
By: Portishead

To pretend no one can find
The fallacies of morning rose
Forbidden fruit, hidden eyes
Curtises that I despise in me
Take a ride, take a shot now

Cos nobody loves me
It's true
Not like you do

Covered by the blind belief
That fantasies of sinful screens
Bear the facts, assume the dye
End the vows no need to lie, enjoy
Take a ride, take a shot now

Cos nobody loves me
It's true
Not like you do

Who oo am I, what and why
Cos all I have left is my memories of yesterday
Ohh these sour times

Cos nobody loves me
It's true
Not like you do

After time the bitter taste
Of innocence decent or race
Scattered seeds, buried lives
Mysteries of our disguise revolve
Circumstance will decide ....

Cos nobody loves me
It's true
Not like you do

Cos nobody loves me
It's true
Not like you
Nobody loves.. me
It's true
Not, like, you.. do


For you... * * * * * * * * * *

sexta-feira, setembro 08, 2006

Black




Bem, esta sempre foi uma das minhas preferidas. E agora já me posso armar em nojentinho e dizer que já a ouvi ao vivo!!! =P

Eh! Eh! Eh! (riso ligeiramente diabólico....LOOOL)


***

Sheets of empty canvas - Untouched sheets of clay
Were laid spread out before me - As her body once did
All five horizons - Revolved around her soul
As the earth to the sun
Now the air I tasted and breathed - Has taken a turn

Ooh, and all I taught her was... everything
Ooh, I know she gave me all.... that she wore
And now my bitter hands - Chafe beneath the clouds
Of what was everything
Oh, the pictures have - All been washed in black
Tattooed everything...

I take a walk outside
I'm surrounded by some kids at play
I can feel their laughter - So why do I sear?

Oh, and twisted thoughts that spin round my head
I'm spinning, oh, I'm spinning
How quick the sun can drop away
And now my bitter hands - Cradle broken glass
Of what was everything...
All the pictures have - All been washed in black
Tattooed everything...

All the love gone bad - Turned my world to black
Tattooed all I see - All that I am - All I will be...yeah...
Uh huh...uh huh...ooh...

I know someday you'll have a beautiful life
I know you'll be a star
In somebody else's sky, but why, why, why
Can't it be, can't it be mine?

We belong
We belong together
Together...

("Black" - Gossard/Vedder)

By the way... Eis o alinhamento do concerto dos Pearl Jam no Pavilhão Atlântico (05/09/2006)
Que noite incrível.... =) Antes, durante e depois do espectáculo... LOL

- Severed Hand
- Corduroy
- Hail, Hail
- Save You
- World Wide Suicide
- Dissident
- Even Flow
- Army Reserve
- Whipping
- State of Love and Trust
- I Got Id
- Garden
- Do The Evolution
- Sad
- Daughter (It's Ok)
- Insignificance
- Black
- Rearviewmirror

Encore 1

- Improvisação
- Come Back
- I Believe in Miracles
- Big Wave
- Once
- Footsteps
- Alive

Encore 2

- Wasted Reprise
- Better Man
- Smile
- Why Go
- Rockin' In The Free World
- Yellow Ledbetter

segunda-feira, setembro 04, 2006

Ana Thema



Então não era apenas um jogo...
Quando, por vergonha e medo, quebraste todos os espelhos para que ninguém fosse capaz de reconhecer as tuas feições de cigana
Quando, numa fúria desmedida de menina mimada, lançaste as folhas do teu descontentamento sobre o rosto da cidade e, com elas, sacudiste a minha alma ao vento
Não... não era apenas um jogo...

Encheste as paredes com as minhas palavras, apenas para recordar o seu significado
Dizendo, com uma certeza aterradora, que a cor é o elemento que une o sangue e o beijo
Porque ambos são eternos e correm livremente lado a lado
Ambos atraiçoam, mentem, magoam. São as duas faces do mesmo pecado

Uma aranha de cristal percorre livremente cada centímetro da minha pele
Explorando, sentindo, amando. Enquanto constrói a sua teia entre o meu peito e o teu
E, num momento que se arrasta para sempre, o coração bate violentamente, imitando cada movimento dos corpos encontrados
Docemente...
Mas o mesmo sangue e suor deixaram-nos para se espalharem por entre o soalho e os lençóis

Tomei a liberdade de construir um sonho para ti. Com asas de papel pintadas de hieróglifos antigos com tinta da China usada
Espero que o aceites, pois quem sabe quando não quererás voar?
Revi as palavras ditas sem pressa pelo homem azul da voz de plástico, e senti-as esmorecer de repente, enquanto observava o Deus-Tigre debruçar-se sobre a janela da Rua dos Cravos
Percorri todas as esquinas da selva imaginária e abri todas as portas para que as sombras e os beijos pudessem entrar

Vi e senti. Li e reli todas as mensagens contentes escritas por mãos dormentes, durante mil linhas apagadas do estreito presente que as sórdidas mentes procuravam alcançar
Aprendi e assumi que todos os momentos passados defronte uma estrela cintilante são um único suspiro lascado que não sonha nem espelha todos aqueles que ainda virão e com os quais não nos atrevemos ainda a sonhar.

Apelo aos olhos descrentes que me observam da lua, que abracem a menina que entre nós flutua
Que libertem as melodias escondidas entre palavras de cartão, que a façam princesa e que lhe estendam uma simples e bela canção.

Átomos livres de livros sagrados
Estátuas vivas de homens inacabados
Contam histórias de meninos mimados
Contam mentiras de olhos fechados

Escondo esta menina entre grãos de areia
Longe de tudo, numa maré aberta e numa mão cheia
Cheia de nada e de coisa nenhuma
Cheia de um ar livre que ambos respiramos
Cheia de um ar que mil templos perfuma

Arranca as páginas que já vivemos
Apaga as linhas que ambos escrevemos e procura novas palavras que ainda não dissemos
Guarda algumas lágrimas para dias de chuva e lucidez
Apaga as estrelas antes de te vires deitar e apaga, também, o preconceito e a estupidez.

Deixa-me admirar-te quando fores a única estrela a brilhar. Deixa o tempo morrer. Deixa o tempo passar
Porque para o tempo não existe cura. O tempo, esse, asfixia sempre devagar
Deixa que as raízes do tempo se alastrem até à cidade
E que os momentos em que insistimos em nada dizer se transformem em momentos ternos em que sabemos não haver nada a esconder

Eu vivo em contradição dos sentidos e tu derrubas exércitos e muralhas só para me ver passar
Eu lanço cartas à chuva e ao vento e tu desesperas quando as tuas lágrimas secam ao brilho do luar.


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