segunda-feira, março 13, 2006

Última chamada para a Imortalidade

- “Mas essa faca não está demasiado perto do teu coração?”
- “Não tanto como gostaria.”
- “Sabes, há dentro dele coisas muito mais frias e afiadas que esta lâmina e nem assim te importaste.”
- “E qual é a diferença?”
- “A diferença, minha querida, é que eu posso controlar a intensidade com que este simples utensílio de cozinha entra ou não no meu peito. Mas não tenho poder sobre tudo aquilo que está já dentro de mim.”
- “Posso experimentar? Gostava de saber qual é a sensação de sentir a vida deixar o meu corpo num ápice.”
- “Não há muito para sentir. Quando o teu corpo tocar o solo já nem um simples pensamento percorrerá a tua mente e todos os sentimentos terão deixado a tua companhia.”
- “Sentimentos? O que é isso?”
- “Não sei. Esqueci-me completamente.”
- “Então, não devia ser nada importante. As coisas importantes não se esquecem.”
- “Mas porque me olhas dessa maneira? Estou despenteada?”
- “Não olhava para ti. Olhava através de ti.”
- “E o que viste?”
- “Nada. A escuridão somente”
- “Era bonita?”
- “O quê?”
- “A escuridão.”
- “Depende do ponto de vista.”
- “Então deixas-me sentir a lâmina depois de ti?”
- “Lâmina? Mas qual lâmina?”
- “A lâmina da faca que seguravas... Mas.... Onde está a faca?”
- “Que faca? Não sejas tonta. Vá, ajuda-me a limpar esta mancha de sangue.”
- “Não gosto da cor vermelha...”

4 Comments:

Blogger CLÁUDIA said...

"E viveram felizes para sempre..."

Nem sequer se vive para sempre.

Beijinho grande para ti Daniel ***
Fica bem.

4:59 da tarde  
Blogger Eu said...

Eles não viveram felizes para sempre porque já estavam separados quando se conheceram. Ele ajudou-a e ela negou-lhe tudo. Perfect is...nothing.

Beijo***

5:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cool guestbook, interesting information... Keep it UP
» »

8:45 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

best regards, nice info » » »

6:06 da tarde  

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